19 de agosto de 2015

Com tecnologia e planejamento, a água não vai faltar


Ascom Senar-PB
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Boaz Albaranes, Adido Econômico de Israel em São Paulo

Boaz Albaranes, Adido Econômico de Israel em São Paulo

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2050 serão necessários 60% a mais de alimentos no mundo. O desafio é enorme, mas será conquistado com tecnologias, planejamento e empreendedorismo voltados para os recursos hídricos mundiais para a produção agrícola, observam os palestrantes do segundo painel “Tecnologias de irrigação” de debates do seminário “Uso Sustentável da Água na Agricultura: Desafios e Soluções”, que ocorre na sede da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nesta terça-feira (18/08), em Brasília.

De acordo com o Adido Econômico de Israel em São Paulo, Boaz Albaranes, seu país tem poucos recursos naturais, mas por terem inovação tecnológica e serem empreendedores conseguiram reverter à situação de escassez de água.  “Criamos a irrigação em gotejamento, uma inovação israelense. Pois temos um milhão de metros cúbicos de água, mas a demanda é de dois milhões”, comentou. O Adido acrescentou que hoje Israel coleta 90% de água residual, trata e manda para agricultura. “Para o agricultor tanto faz chover ou não. Ele tem sempre recurso em sua propriedade”, afirmou.

Boaz também comentou que atualmente existem três grandes empresas na área de tecnologia da irrigação que produzem inovações, a TAL-YA, Auto Agronom e Taranis Visual. “A primeira criou um compartimento que pega água da chuva, mantem umidade e não há desperdício; a segunda produz um medidor que é colocado dentro do solo. O sistema dele indica quando e quanto irrigar. E, por fim, a última empresa criou uma tecnologia de medição do tempo, que ajuda na gestão da água e de fertilizantes”, exemplificou.

Após a apresentação do israelense, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Cerrado), Lineu Neiva, apresentou o cenário brasileiro. Segundo ele, em 2050, seremos 9,1 bilhões de brasileiros e consumiremos mais 50% de água, 80% de energia e 60% de alimentos. “Apesar do aumento nas demandas, o Brasil tem condição de fazer um pouco de tudo. Temos grande variabilidade, mas faltam dados e conhecimento para ser tomada uma decisão acertada”, observou.

Para o pesquisador, o país tem terras e água de sobra e tecnologias de irrigação, falta uma política de dados para o calculo da quantidade de alimentos que se necessita produzir e, assim, determinar a quantidade de água necessária. “Acho que os brasileiros utilizam pouca água. A irrigação é pequena, cerca de 6 milhões de hectares, enquanto a agricultura utiliza 246 milhões de hectares. Temos áreas críticas que precisam de um manejo adequado e eficiente de controle da água”, explicou. Lineu Neiva finalizou falando da questão energética, que para ele é tão importante para agricultura quanto à questão hídrica. “A energia é crucial para o setor, temos que adaptar as tecnologias. É imprescindível fazer gestão e conhecer dados para gerir os conflitos”.

Irrigação em Cristalina (GO)

A cidade de Cristalina em Goiás produzia, na década de 90, 300 mil toneladas de grãos. Hoje, produz 3 milhões. “Isso só foi possível graças à irrigação. O País tem água em abundância é nós temos problema de água. Falta coletividade e um plano de gestão hídrica”, frisou o produtor irrigante, Alécio Maróstica.

O produtor ressalva que é preciso criar um armazenamento de água da chuva, uma vez que em Cristalina chove 1.588 milímetros por ano. Desse total, 588 mm evaporam, 472 mm escorrem e 394 mm vão infiltrar para abastecer os rios durante o ano. “A água que escorre vai parar no mar. Vamos criar tecnologias para dessalinizar? Não é melhor criar um projeto para armazená-la?”, indagou o produtor.

O seminário “Uso Sustentável da Água na Agricultura: Desafios e Soluções” é realizado nesta terça-feira (18/08) pelo Sistema da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), composto também pelo Instituto CNA e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), na sede da Confederação, em Brasília. O evento busca debater a escassez de água no mundo e discutir experiências de países que enfrentam a falta de recursos hídricos de maneira eficaz, tais como Austrália, Estados Unidos e Israel.

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